O PRIMEIRO GOVERNADOR DE ALAGOAS

O Eficiente Melo e Povoas e o Nativismo Crescente

Quando Sebastião Francisco Meio e Póvoas desembarcou em Jaraguá, dois dias depois do Natal de 1818, para governar a nova Alagoas, devia passar pelo seu espírito como manter o domínio português na área cuidando de controlar o nativismo de 1817. Pelos fatos que se seguiram desde que assumiu o governo em 22 de janeiro seguinte, até sua exoneração em janeiro de 1822, ele tudo fez para isso.
Prognosticava que o domínio português seria ainda por alguns anos, quiçá décadas, porque rea­lizou uma obra administrativa e material de invulgar dimensão, construindo prédios públicos e forti­ficações, organizando unidades militares e a admi­nistração da Província, abrindo estradas, fazendo um plano ambicioso de urbanização de Maceió, mandando construir aqui uma corveta.
Compreendendo o momento histórico, decidiu não residir em Alagoas capital, fixando residência em Maceió onde estava o movimento econômico e maiores perspectivas de realizar sua obra de gover­no.
Apesar de tudo isso, Meio e Póvoas não rever­teu à crescente revolta contra o português entre o povo e os notáveis da terra, situação que chegou ao ponto crítico com o levante de 28 de julho de 1822, sob a liderança de Jerônimo Cavalcante de Albuquerque, à frente de quatrocentos homens armados, fato que se passou depois de seu embar­que de volta.
Aclamou-se então dom Pedro I protetor e perpétuo defensor do Brasil e criou-se uma Junta Governativa que expulsou os portugueses não assi­milados, reorganizou as tropas fiéis ao Imperador e preparou-se para acolher tropas brasileiras na Guerra da Independência, no ano seguinte.

O mata marinheiro teria sido uma injustiça?

Apesar de todos os resultados positivos da administração Meio e Póvoas, crescia na Província o sentimento nativista reprimido em 1817.
Alagoas fora beneficiária da ação enérgica e ao modo lusitano do Ouvidor Batalha, no sentido da fidelidade à Coroa Portuguesa, ganhando, no episódio da Confederação, sua independência de Pernambuco, ao qual era atrelada desde os anos de Duarte Coelho.
Curioso é que, pouco mais adiante, a maioria dos portugueses aclimatou-se com a nova situação e até tomou parte nas manifestações de regozijo popular no Sete de Setembro de 1822, porque o governante, afi­nal, era um patrício. Mas a nova legislação nacional contrariou alguns de seus privilégios e chegaram à pro­víncia notícias das divergências entre políticos brasileiros e D. Pedro I, que foi colocado no centro das controvér­sias até a crise de sua abdicação, gerando os tumultos de 1831 e 1832, dos quais Alagoas participou.
Aí então cresceram as antigas rivalidades da época do nativismo e da repressão de 1817, quando portu­gueses residentes aqui, comerciantes ilustres, oficiais do governo e militares recusaram-se a apoiar a abdicação e foram envolvidos pela fúria popular no que se cha­mou de Mata Marinheiro. Foi à reação incontida pelas autoridades omissas ou coniventes, e seus atos de bar­bárie ficaram para a História de Alagoas como uma página condenável.
Apesar de tanto terem colaborado com o progresso local, os perseguidos tiveram que procurar refúgio nas matas, igrejas e casas de amigos, depois conheceram a execração porque foram expulsos e perderam empregos e fortunas, por medidas sugeridas pela Câmara de Maceió e aprovadas por um governo pro- visório.
Citação de Aminadab Valente em Atalaia, Sua História registra que "em Maceió corre o sangue lusita­no ( ... ), o comércio na sua quase totalidade de portu­gueses, muitos abastados e ricos, ficou paralisado, por­que os negociantes procuravam escapar da multidão desenfreada" .
O português Antônio José Martins morreu de susto ao se refugiar na capela de Nossa Senhora Mãe do Povo que ele mesmo havia construído em Jaraguá. Em Atalaia, nos primeiros dias de maio de 1831, o popu­lacho saqueou e depredou a Rua das Táboas, onde residiam os portugueses, refugiando-se os fugitivos nas matas vizinhas e na Vila do Pilar.

Mas tudo passou e o comércio voltou para os filhos de Portugal e seus descendentes. Ficou registrada, de forma trágica, a revolta contra a dominação dos portu­gueses em Alagoas. 

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